Tudo sobre Ayrá – O Orixá dos ventos e estabelecedor da paz

airá

Orixá Ayrá é uma entidade ímpar, controladora do vento. Ao contrário do que muitos acreditam, ele não é uma qualidade do Orixá Xangô. Como principal diferencial podemos observar o seu temperamento: enquanto Xangô é um Orixá punitivo, Ayrá é benevolente e sua missão é a de aplicar a vontade de paz de Oxalufã.

Ele é um dos mais antigos Orixás, que começou a habitar a Terra logo que ela foi criada. Seu caminho está associado a Oxalá, onde os dois são os detentores da paz nos caminhos dos Orixás. Enquanto Oxalá é a paz, Ayrá a estabelece para todos.
Os Orixás são energias únicas que estabelecem o equilíbrio natural de todas as coisas, portanto por meio de suas orientações podemos encontrar os melhores caminhos e os mais valiosos conselhos. Se você precisa de algum direcionamento em sua vida, seja qual for o assunto, eles podem te ajudar por meio da comunicação através dos búzios online. Para viver essa experiência e encontrar os mais surpreendentes resultados, 
Sua associação a Xangô acontece pois ambos terem sido incorporados ao Panteão do Fogo, mas o seu verdadeiro culto é totalmente independente.
Ayrá é de família do raio, mas também domina os ventos, onde ficou mais conhecido por ter seu símbolo principal como um redemoinho. Seu culto é mais antigo do que o de Xangô, onde foi estabelecido no Candomblé migrando do Savé para Oyó e posteriormente para o Ketu.
Ele carrega consigo em uma das mãos uma chave, com a qual ele pode regular o clima e na outra uma lança que simboliza respeito.
De forma geral, não há culto voltado para este Orixá na Umbanda, o tornando assim mais característico do Candomblé.

História de Ayrá

O principal mito de Airá está relacionado a Xangô e Oxalá.

Quando Oxalá permaneceu preso por engano no território de seu filho Xangô, o caos reinou na Terra por 7 anos e o Orixá Pai ficou cabisbaixo e desanimado. Ao saber do acontecido, Xangô o libertou e realizou grandes festas para encher novamente o peito dele de alegrias. Mas de nada adiantou, pois as dores que Oxalá sentia em seu corpo e peito eram muito profundas para serem curadas com os eventos, e seu maior desejo no momento era retornar a Ifé e encontrar sua esposa Iemanjá.
Como Xangô precisava reorganizar o reino após os anos de calamidade, ele não poderia acompanhar o pai debilitado, então solicitou a Ayrá que fizesse isso por ele.
Esse retorno foi uma viagem muito cansativa e longa, e Oxalufã estava muito debilitado após o confinamento de 7 anos, então precisava andar vagarosamente. Em alguns momentos Ayrá o carregava em suas costas para ajudá-lo a chegar logo aonde tanto desejava. Assim, neste momento os dois se tornaram grandes companheiros e Ayrá aprendeu como estabelecer a paz que Oxalá tanto sonhava.
A relação dos dois passou a ser como de pai e filho. Durante a caminhada, Oxalá tinha a necessidade de descansar durante as noites, pois além do corpo cansado ele sentia muito frio. Para aquecê-lo, Ayrá acendia uma fogueira e para diminuir a tristeza em seu coração, ele contava histórias felizes e engraçadas sobre os habitantes de Oyó.
Devido a tamanha dedicação, Oxalá passou a favorecer Ayrá e permitiu que ele o acompanhasse por toda a existência. Algumas lendas contam ainda que Airá falou muito mal de Xangô durante a caminhada, procurando uma forma de causar discórdia entre o pai e o filho, outros mitos afirmam que Xangô não gosta de Airá por ele ter ciúmes da consideração que Oxalá tem por ele.

MITOLOGIA

Um dia, passando Oxaguiã pelas teRras onde vivia Airá, despertou no jovem grande entusiasmo por seu porte de guerreiro e vencedor de batalhas.
Sem que Oxaguiã se desse conta, Airá trocou suas vestes vermelhas pelas brancas dos guerreiros de Oxaguiã, misturando-se aos soldados do rei.
No caminho encontraram inimigos ao que Osi, medroso que era, escondeu-se atrás de umA grande pedra.
Oxaguiã observava a disputa do alto de um monte, esperando o momento certo de entrar nela, mas, para sua surpresa, percebeu que um de seus soldados estava escondido atrás da pedra.
Sorrateiramente Oxaguiã interpelou seu soldado e para sua surpresa deparou-se com Airá que chorava de medo, implorando seu perdão, por haver enganado o grande guerreiro branKo.
Oxaguiã, por sua bondade e sabedoria, compadeceu-se de Airá.
No entanto, como punição pela mentira de Airá, decidiu que naquele mesmo dia o jovem voltaria à sua terra natal vestindo-se de branco e nunca mais usaria o escarlate, devendo dedicar-se a arte da guerra para poder seguir com ele em suas eternas batalhas.
Temos também esse itã que coloca de maneira bem segura e determinante um rituAl comum no Brasil que inclusive desvencilha do dogma da Igreja Católica.
Segundo os mitos, Oxalá permaneceu injustamente preso durante sete anos no reino de seu filho, Xangô, sem que este soubesse do fato.
Grandes calamidades ocorreram em todo o reino devido a essa injustiça e quando Xangô finalmente descobriu o que havia acontecido com o próprio pai, resgAtou-o da prisão e ordenou que fossem organizadas grandes festas em
todo o reino, em sua homenagem.
A festividade conhecida hoje como Águas de Oxalá, remonta a esse acontecimento.
No entanto, Oxalá estava muito alquebrado, ferido e entristecido.
Apesar de toda a atenção que recebeu, a única coisa que desejava era retornar ao seu próprio reino, em Ifé, onde Iemanjá, sua esposa, o aguardava.
Xangô não podia acompanhá-lo, pois precisava colocar em ordem o próprio reino e pediu a Airá que fizesse isso em seu lugar.
Foi assim que Airá tornou-se o companheiro de Oxalá, pois a viagem foi muito longa já que Oxalá andava muito devagar pelo fato de ainda estar se recuperando dos feriMentos que adquirira durante os sete anos de prisão.
Durante o dia, eles caminhavam.
À noite, Oxalá sentia frio e precisava descansar.
Para aquecê-lo e distraí-lo dos próprios pensamentos, Airá mandava que acendessem uma grande fogueira no acampamento.
Oxalá observava o fogo e Airá passava longas horas contando-lhe histórias do povo de Oyó.
Desse modo, tornou-se tradição acender a fogueira em de junho de cada ano, no Brasil, em homenagem a Airá e à viagem que fez em compAnhia de Oxalá.

Qualidades de Ayrá

Ayrá AdjaosíUm guerreiro idoso vestido de branco. Está ligado a Oxalá e Iemanjá.
Ayrá IgbonanPai do Fogo que canta e dança sobre as brasas. Está acompanhado de Iansã.
Ayrá IntilèEstá todo vestido de branco e carrega Lufon em suas costas.
Ayrá ModéAnda sempre vestido de branco e é o companheiro de Oxaguiã.

Oferenda para Ayrá

IMPORTANTE: toda oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.
As comidas oferecidas a Airá não podem ser temperadas com sal, nem com dendê ou pimenta. Usa-se somente como tempero a banha de Ori Africana (esse Orixá tem essa postura pois ele está sempre com Oxalá e para poder acompanhá-lo em todo momento, ele evita as coisas que Oxalufã não gosta). Muitos devotos afirmam que este Orixá também aprecia o quiabo como ebó, assim como Xangô.

Cores de Ayrá

Ayrá veste-se de branco, e não usa coroa, e sim um eketé branco.

Dia de Ayrá

É de tradição acender uma fogueira para Ayrá aqui no Brasil no dia 29 de junho, para assim comemorar e mostrar respeito pela sua companhia a Oxalá em uma viagem. Durante este evento há uma grande festividade em torno da fogueira com muita dança em honra aos Orixás do fogo.

Características das Filhas e Filhos de Ayrá

Apesar de não encontrarmos muitos filhos de Airá em nosso país, sabemos que suas características são muito marcantes: eles são pessoas muito sábias que conseguem se organizar e se preparar para situações futuras, como se pudessem antever algo que irá acontecer.
Com o seu jeitinho carinhoso e bondoso, essas pessoas conseguem agir facilmente de forma discreta em qualquer tipo de caminho que desejar, quando menos se espera, elas estarão já um passo à frente do acontecimento.
Elas costumam usar esse dom para a bondade, se tornando assim filhos solidários e bondosos, dispostos a guiar as pessoas por bons caminhos e com boas orientações, todas frutos de sua inteligência única e ampla visão da vida.

Oração ao Orixá Ayrá

“AYRA DABA KENKEN SORO
OLU AMI MA IMAN ISELE
ORISA KE ME SEBEWA
AYRA AYRA EE
AYRA OSI BA IYAMI MA SAORO
AYRA AYRA
OMONILE AYRA OMONILE
AYRA AYRA OMONILE
AYRA O OREGEDE PÁ
OREGEDE
AYRÁ A EBORA PÁ
A EBORÁ
AYRÁ O AJA UNSI PÁ
AJA UNSI.”

Cantiga de Ayrá

Oriki 1

“AYRÁ Ó LÉ LÉ, A IRE Ó LÉ LÉ (AYRÁ ESTÁ FELIZ, ELE ESTÁ SOBRE A CASA)
A IRE Ó LÉ LÉ, A IRE Ó LÉ LÉ (ESTAMOS FELIZES, ELE ESTÁ SOBRE A CASA)”

Oriki 2

“ÁYRÀ ÓJÓ MÓ PÉRÉ SÉ (A CHUVA DE AIRÁ APENAS LIMPA E FAZ BARULHO COMO UM TAMBOR)
Á MÓ PÉRÉ SÉ (ELA APENAS LIMPA E FAZ BARULHO COMO UM TAMBOR)
ÁYRÀ ÓJÓ MÓ PÉRÉ SÉ (A CHUVA DE AIRÁ APENAS LIMPA E FAZ BARULHO COMO UM TAMBOR)
Á MÓ PÉRÉ SÉ (ELA APENAS LIMPA E FAZ BARULHO COMO UM TAMBOR.)”

Saudação a Ayrá

Ayrá Ponon Opukodê – significado: Assim Ayrá ficará muito feliz.
Um Orixá de bondade e compaixão, assim é Ayrá, o responsável pelos ventos e aquele que espalha a paz de Oxalá.

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