Bate - Folha Rio (Kupapa Unsaba)

A comunidade do Bate Folha, fundado no início do século 20 no bairro de Mata Escura, em Salvador (BA), onde existe até hoje, por Manoel Bernardino da Paixão[1] - o Tat'etu Ampumandezu -, e instalado no Rio de Janeiro há 70 anos.
Iniciado no candomblé por Ampumandezu, em 4 de dezembro de 1929, e membro da comunidade do Bate Folha baiano,[2][3] João Correia de Mello, o Tat'etu Lesenge, mais conhecido como Joao Lessengue, ruma para o Rio de Janeiro, na década de 1930, querendo conhecer a cidade, e decide ficar.
Ao chegar, Lesenge foi morar na Rua Navarro, no Catumbi, havendo trazido em sua companhia alguns irmãos de santo, dentre os quais, se destaca por sua atuação Mãe Ngukui, componente do terceiro barco de Bernardino. Ngukui seria então o braço direito de Joao Lesenge na sua nova empreitada no Rio de Janeiro. Aqui, João Lesenge conheceu outras pessoas de santo em sua maioria oriunda da Bahia, passando então a participar dos rituais das diversas casas de candomblé já existentes na cidade.
Diversas personalidades importantes do candomblé faziam parte de seu círculo de amizades, como Ebomi Dila, Mãe Agripina do Opó Afonjá, Mãe Teté da Casa Branca, Mãe Bida de Iemanjá do Gantois, Joana Cruz, Joana Obasi, Mãe Andreza, Guiomar de Ogun, Mãe Damiana, Tata Fomotinho, Vicente Bankolê, Ciriaco, América, Adalgisa, Marieta, Tia Marota, Obaladê, Nair de Oxalá, Marina de Ossãin, Nino de Ogun, Mundinho de Formigas, Otávio da Ilha Amarela, Ogan Caboclo, Álvaro do Pé-Grande, Mãe Teodora de Yemanjá, etc.
Em 1938, Lesenge comprou um terreno com aproximadamente 5.000 metros quadrados, no bairro Anchieta, fundando ali, o Bate-Folha do Rio de Janeiro (Kupapa Unsaba),preservando, em pleno subúrbio, a língua quimbundo e os ritos de origem banta..
Ao longo dos anos João Lesenge tirou doze barcos, sendo o primeiro em 26 de novembro de 1944, e o último em 8 de novembro de 1969.
No dia 29 de setembro de 1970, às 23:40 h., morre João Lesenge, o senhor do Bonfim de Anchieta.
Após o falecimento de Tata Lesenge em 1970, a roça atravessou dois anos luto.
O fim do luto
Foi somente em 1972, em ocasião de Luvalu (cerimônia de sucessão), que o Bate-Folha do Rio de janeiro reabriu, sendo ali investida no cargo como Mam´etu riá Nkisi (sacerdote chefe), sua sobrinha e filha de santo, Mabeji - Floripes Correia da Silva Gomes), tornando-se, herdeira de seu tio Lesenge em todo o sentido da palavra.
Mam'etu Mabeji
Baiana do bairro da Liberdade, chegou ao Rio de Janeiro aos 10 anos e aos 11anos, já é iniciada no Bate-Folha para residir com o Sr. João Lesenge em 19 de outubro de 1946 e, iniciou-se no candomblé em 20 de abril de 1947. A partir desta data, Mabeji começa a fazer parte da história do Bate-Folha.
Por volta dos anos 50, em companhia de um índio Irapuru, chega ao Bate-Folha o Sr. José Milagres. Com o passar do tempo, Milagres casa-se com Mabeji e posteriormente, se confirma na casa como Pokó, passando então a ser conhecido como Tata Nguzu ua nzambi,era a sua dijina.O Terreiro Bate Folha continua hoje sob a direção de Mam'etu Mabeji.
Preservação e tradição
Símbolo da preservação do candomblé banto, o Bate Folha é um espaço de convivência entre as diferentes nações das religiões de matriz africana no Rio de Janeiro, tendo sido freqüentado por figuras religiosas importantes das nações queto e jeje, como Nino d'Ogum, Iyá Davina, Dila de Omolu, Mãe Meninazinha d'Oxum e Tata Fomutinho.
Tradições do povo banto encontram refúgio no Bate Folha
As origens da tradição banta mantida pelo Bate Folha, remontam à histórica figura de Manoel Bernardino da Paixão, iniciado no candomblé em 1900, na Bahia, por um legítimo sacerdote muxicongo (nascido no Congo). A conclusão de suas obrigações foi realizada por Maria Neném - a Mam'etu Tuenda Nzambi.
A preservação do quimbundo nos cultos, uma das missões de Mabeji, é, para ela, um dever. Mabeji se lembra do tio, João Lesenge, como um "estudioso da língua e da cultura".
Os bantos são povos africanos que falam um conjunto de línguas, entre elas o quimbundo, com a mesma raiz. Em geral, chegaram ao Brasil como escravos, vindos de Angola, Congo e Moçambique.
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