ORAÇÃO DAS BENZEDEIRAS

 Dona-Preta-a-rezadeira-do-Madeira
(Juramento das Sacerdotisas – Rae Beth)
“Que eu seja como a que tece o pano na floresta,  profundamente escondida.
Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.
Que eu seja uma exilada, se este é o sacrifício.
Que eu possa olhar a Lua Cheia, entre as árvores.
Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo,
e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios.
Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima,
nas árvores desenhadas no céu luminoso.
Que meus amigos sejam da espécie que Ame o Silêncio! Que sejamos inocentes e despretensiosos.
Que eu saiba Respeitar e Amar os animais.
Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.
Que eu possa liberta-las, sem apanhar nenhuma, para viver em abundância.
Que eu possa caminhar entre as flores sem colher nenhuma.
Que eu seja capaz de gratidão.
Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno.
Que eu saiba isso como o meu gato, no sangue e nos ossos.
Que eu fale a Verdade sobre a Alegria e a Dor!
Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor,
em canções que soem como o aroma do alecrim,
como todo o dia e na antiguidade, erva forte da cozinha.
Que eu reconheça o Poder das ervas como o Alecrim.
Que eu não me incline a auto-integridade e a auto-piedade.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra
e dos círculos de pedra, como raposa ou mariposa,
e não perturbar o lugar mais que isso.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra.
Que meu olhar seja direto e minha mão firme.
Que minha porta se abra aqueles que habitam fora da riqueza, da fama e do privilégio.
Que eu saiba valorizar o “andar descalço”
Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega a minha porta.
Que se percam na jornada labiríntica.
Que eles voltem…
Que os que nunca andaram descalços não cheguem a minha porta.
Que eu me sente ao lado do fogo no inverno
e veja as chamas brilhando para o que vier,
e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.
Que eu me sente ao lado do fogo no inverno.
Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro regozijo.
Que o lugar onde habito seja como uma floresta.
Que eu more cercada de flores.
Que haja caminhos e veredas para as cavernas
com poços, árvores e flores, animais e pássaros,
todos conhecidos e por mim reverenciados com amor.
Que haja caminho com flores e animais…
Que minha existência mude o mundo não mais nem menos
do que o soprar do vento,
ou o orgulhoso crescer das árvores.
Por isso, eu jogo fora a minha roupa.
Que eu possa conservar a minha Fé!
Que eu possa conservar a Fé, sempre!
Que jamais encontre desculpas para o oportunismo.
Que eu saiba que não tenho opção, e assim mesmo
escolha como a cantiga é feita, em alegria e com amor.
Quando falhar que eu me conceda o Perdão!
Que eu faça a mesma escolha todos os dias e de novo.
Quando falhar, que eu me conceda o perdão.
Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo”.
Que eu não tema meu próprio Reflexo!

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