Itan Ejioko Meji e a origem de Ogun
O odú Ejioko
também conhecido como Oturukpon Meji (2) esse odú guarda os segredos da criação da Terra e de seu objetivo espiritual que envolve o conhecimento de luz e trevas. É muito interessante como nos seus itans podemos ver essa ideia de separação a partir de uma realidade espiritual de plenitude, mas o post específico desse odu ficará para mais tarde. Quero compartilhar o itan que fala da ligação desse odú ao guerreiro Ogún, um dos meus itans prediletos.

Conta um antigo Babalawô que se chamava Ojibeniji que Ogun, querendo ter o poder de ser invecível nas batalhas e nas lutas, fez uma oferenda para Ejiokô de dois galos de briga, duas adágas, dois elos de ferro e dois inhames akará. Ofertou tudo em uma mata que nenhum homem jamais havia penetrado. Neste local havia um senhor com roupas em farrapos e pediu a Ogun que lhe desse os akarás, pois estava faminto e já fazia sete dias que ele não comia.
Ogun guerreiro louco dos músculos de aço – que tinha água em casa, mas se lavava com sangue – aquele que não tinha piedade nem de si próprio, aquele que jamais poderia ser chamado em vão – pois ele se volta contra aquele que o chamou – aquele que mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada, Ogum sentiu-se penalizado perante o ebomi, pegou os akarás e deu para que o pobre homem comesse, entregou-lhe as adágas para que se defendesse, pegou os elos e também os entregou dizendo para que em qualquer momento que estivesse em perigo e sem defesa, batesse um elo no outro chamando por ele, que mesmo estando em qualquer lugar do mundo, viria lhe socorrer.
Esse senhor falou para Ogun;
– “Me chamo Ejiokô e foi a mim que vieste ofertar estas oferendas e seu bom coração lhe tornou invencível na guerra e ninguém poderá tirar sua vida a não ser você mesmo quando cansar de viver no Ayê. Devolvo suas adágas e lhe presentearei com o Isá Ogun e terás o nome que só seus filhos poderão lhe chamar: OGUN MEJI ALODÊ IRÊ (Senhor das sete partes do Irê) ou também OGUN MEGÊ (Guerreiro que na guerra divide-se em sete).
– Em cada região conquistada, terás uma denominação, que com o passar do tempo, se tornará um dos seus nomes.
– Quando armar-se para ir a guerra, lhe chamarão de IGBI MEJI (aquele que nasce e se transforma em dois – referência de Ogun e suas duas espadas-). Quando for trabalhar na forja, lhe chamarão de ALAGBEDE (O ferreiro).
– Quando for visitar seu pai, se vestirá de branco. Irá desarmado e levará sua preferência gastronômica, o ajá e se sentará a mesa para degustar de sua iguaria junto a seu pai e seus irmãos, que lhe chamarão de uma forma íntima, de OGUN JE AJÁ (Ogun que come cachorro) e lhe saudarão com OGUN PATAKURI JESE JESE (Ogun cabeça importante de todos os Orixás).
– Quando for colher suas folhas junto com Ossaim, lhe chamarão OGUN ASO MARIWÔ (Ogun que veste a roupa de mariwô).
– Quando conquistar reinos que não lhe pertence, usará um capacete que se chamará AKORÔ (coroa de mariwô que somente os decendentes de Ogun poderão usar).
– Estará sempre a frente das batalhas, dos caminhos, dos palácios governamentais e palácios religiosos. Pois quando Ogun vai a guerra, não usa escudo porque sabe que é imortal. Por este motivo, não se pode fazer feitiço para os filhos de Ogun.
– E os galos comeremos juntos, pois toda vez que ofertarem a Ogun, terão que ofertar a Ejiokô também, porque Ogun e Ejiokô passarão a ser um só corpo e uma só cabeça que lutarão juntos nas guerras. Cada um representando uma espada (por isso Ogun usa duas espadas) e não tocarão em nada de Ogun sem antes pedir permissão a Ejiokô, senão será sentenciado por *Exu Olobé (guardião das ferramentas de Ogun).”
*Esse Exu é o representante de Ejiokô na Ayê, que come junto com Ogun para manter a ordem e o equilibrio do signo que dá destino ao caminho de todos os decendentes de Ogun até os dias atuais. Para utilizar o Abé, temos que pedir permissão a Exu Olobé, Ejiokô e Ogun, para que o sacrifício seja bem sucedido e a pessoa que ofertou ao Orixá consiga tudo que busca.
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