Exu Marabô
Você sabe quem foi esse Exu?
O reino estava triste pela doença que acometera a rainha. Os dias se passavam e ela definhava em cima de uma cama. O rei apaixonado já havia tentado de tudo, trouxe médicos dos lugares mais distantes e nada a curava.
Um dia, tristonho estava na grande saleta sentado em seu trono quando lhe informaram que um negro queria lhe falar sobre a doença da rainha e que sabia como ajudar. O rei muito desconfiado pensou muito antes de mandar o homem adentrar. Mas assim o fez, pois era mais uma busca de cura para sua amada, apesar de ser incrédulo neste sentido.
O rei ficou impressionado com o porte do homem que se apresentou: negro, alto, forte, vestia trajes inadequados para uma audiência real, nu, com apenas colares de ossos de animais.
– “Meu nome é Perostino, majestade, eu sei qual o mal atinge sua rainha, leve-me até ela e eu a curarei”. Mas o rei se envolveu em pensamentos. Como é que uma pessoa tão fora dos padrões poderia conseguir o que médicos mais conceituados da época não conseguiram? Mas o desejo de ver sua amada curada era bem maior e levou o homem até os aposentos real.
Durante três noites, o negro permaneceu no quarto da rainha com ervas, pedras, animais e tudo o que tinha extraído da natureza.
Todos no palácio acharam isso uma loucura. Como é que o rei poderia expor sua esposa num tratamento tão rudimentar?
No entanto, no quarto dia a rainha levantou-se e foi caminhar pelo gramado como se nada houvesse acontecido.
O casal ficou tão feliz com o milagre que fizeram de Peristonio um homem rico. E todos os casos de doença do castelo eram encaminhados a ele que sempre os curava.
Sua fama correu pelo reino pelas mais ricas famílias e todos o procuravam, tornando-se uma espécie de amuleto.
Logo, surgiram comentários que ele seria o primeiro ministro, apesar de sua cor e origem que ninguém conhecia.
Ao tomar conhecimento disso, o rei ficou escandalizado e pensou: tornar o homem rico sim, mas uma autoridade! Isso nunca! Chamou-o na sua presença e pediu para que se retirasse do palácio.
O ódio tomou conta da alma de Perostino e imediatamente começou a arquitetar um plano. Disse humildemente que iria embora, mas gostaria de participar de um último jantar com a família. Contente por se livrar do incômodo, o rei marcou o jantar para a mesma noite.
Sem que percebessem, Perostino colocou veneno na comida que seria servida. Durante o jantar, os reis caíram mortos sob o olhar algoz .
Sabendo que seria descoberto, fugiu embrenhando-se nas matas. Arrependeu-se muito quando caiu em si, mas seus dias foram duros pela dor na consciência.
Um ano depois do acontecido, deixou a vida carnal por uma doença que cobriu seu corpo de feridas. Muitos anos foram necessários para que encontrasse o caminho que trilha hoje. Depois de muito aprendizado, ele foi encaminhado para uma das linhas de trabalho da Quimbanda e até hoje quando em terra aprecia bebidas finas e o luxo o qual foi acostumado naquele reino distante.
Tornou-se um espírito sério e compenetrado que atende a todos com muita atenção.
Laroiê! Sr. Marabô! A falange do Exu Marabô é constituída por inúmeros falangeiros que levam o seu nome.
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