INTRIGAS E MALEDICÊNCIAS DENTRO DAS CASAS RELIGIOSAS
Vamos falar um pouquinho sobre uns problemas até muito comuns dentro dos terreiros: COMPETIÇÃO, INVEJA E CIÚME, sentimentos esses bem humanos mas que trazem para dentro de um terreiro bastante desconforto e problemas.
Começaremos então pela competição.
O instinto competitivo dentro de um terreiro de Umbanda ele nasce na ideia de não querer ficar para trás, esquecido ou mesmo ignorado, então o membro em questão começa a querer chamar a atenção para si, ele quer ser a menina dos olhos do dirigente, o foco do seu orgulho, mostrar o tempo inteiro que ele é o melhor, custe o que custar, e não importa se ele tenha que passar por cima de quem quer que seja, o importante é estar ali sempre no foco das atenções, dos elogios. Essa competição começa por pequenas coisas, vamos colocar um exemplo típico:
Dia de gira na casa de Pai Tomás, Maria nesse dia chega um pouco atrasada e quando chega suas irmãs de santo já estão todas prontas dentro da gira, Maria logo de cara se aborrece ao notar a presença de duas médiuns da corrente que estavam ali de roupas novas, saias muito bonitas inclusive, Maria olha para sua roupa que inclusive também é tão bonita quanto, e pensa que lixo de roupa, elas me pagam, que raiva. Passa-se aquele dia, os dias correm e chega o dia da nova gira, lá está Maria pontualmente, com uma roupa espetacular de bonita, e Maria toda orgulhosa, porque é o centro dos olhares e elogios. Seu dirigente chega e olha e diz, linda roupa Maria, inocentemente. Maria não se contem em si. Mas o que muitos não sabem é que Maria para comprar e saciar sua vaidade, fez dívidas altas e pegou até dinheiro emprestado para saciar sua sede competição e de vitória.
Coloquei um exemplo feminino, mas acontece muito com médiuns homens.
É de suma importância que o dirigente saiba colocar um limite em tanta vaidade, para que o propósito de sua casa espiritual não desvie-se por causa do excesso da vaidade e luxuria, e não vire um desfile de quem tem a roupa mais bonita. Um bom dirigente faz do elogio uma motivação, o elogio é necessário, incentiva, mas cuidado se ele for demais, poderá futuramente estar prejudicando a índole daquele médium, o transformando em uma erva daninha futura, ego em demasia é destrutivo.
Os médiuns precisam entender que é bonito, e eu particularmente não sou contra um médium dar o de melhor a seu Orixá e seus guias, mas vejam dar ao Orixá e guias, sem fugir é claro de seus estereótipos próprios, e não se dar a si mesmo para ostentar uma vaidade desmedida, e até diria humilhar outras pessoas de menas posse, e sabemos perfeitamente que O HÁBITO NÃO FAZ O MONGE.
Não adianta estar ali lindo de morrer, se não tiver sustentabilidade mediúnica e espiritual, o médium sem o suporte espiritual será visto apenas como um objeto de decoração.
O lado saudável desse tipo de disputa e competição se é que poderíamos colocar dessa forma é que motiva outros médiuns a terem o mesmo capricho e cuidado com as coisas dos guias e entidades, e esse zelo é positivo, saudável quando não se torna objeto de disputa de status dentro do terreiro, porque infelizmente observamos justamente o oposto, há muitos médiuns extremamente relapsos e relaxados com suas roupas e pertences.
Como não dar o melhor de si para um guia que está vindo fazer o bem e a caridade, todo zelo, todo capricho, ainda é pouco para demonstrarmos a nossa gratidão, mas devemos dar o que o guia aprecia e precisa para seu trabalho e não nos darmos paralelamente usando da roupagem do guia para alimentar nosso ego e vaidade.
A muita beleza e singeleza, na simplicidade e humildade, não podemos esquecer disso.
Quem não gosta de uma casa onde seus médiuns são caprichosos, primorosos e atenciosos? acredito que todos gostem.
Vemos também essa disputa entre curimbeiros no atabaque, onde se esquecem que estão em uma casa religiosa e chegam ao ponto de arrebentarem o couro e os tímpanos dos presentes para ver quem toca mais alto, porque bonito mesmo, é impossível. Esses tipos de curimbeiros acho que eles desconhecem ou nunca ouviram falar de harmonia rítmica no que diz respeito a percussão.
O médium ele tem que avaliar estou fazendo isso por qual objetivo? o que pretendo causar com tal atitude? os benefícios irão superar os malefícios? não visando somente seu proveito próprio mas pensando nos outros. Detalhe o que estou fazendo condiz com boas intenções religiosas que no mínimo deveria ter?
A competição por sua vez, se torna o gancho para um outro problema grave o CIÚME, esse é um dos piores dentro de uma casa religiosa, extremamente destruidor quando não dosado.
Alguns médiuns são muito dedicados e prestimosos a seus dirigentes, mas essas boas atitudes muitas vezes na cabeça de um médium que sofre do mal do ciúme passa a ser destrutivo quando ele passa a ver seus dirigentes como só seus, abre-se ai uma questão de posse.
Alguns médiuns quando são muito próximos de seus dirigentes, simplesmente se incomodam profundamente quando chega um médium novo na casa por exemplo, ou um outro médium começa a se aproximar demais, isso se torna extremamente prejudicial quando esse ciúme se torna doentio, ao ponto desse médium passar a querer sabotar, puxar o tapete, ou mesmo afastar aquele médium da corrente. Ai começam os comentários maldosos e destrutivos e a fofoca do diz que me diz começam a surgir. O dirigente tem que ser atento e cortar o mal pela raiz.
Lembremos que os filhos mais velhos e antigos de uma casa devem agregar os mais novos, eles irão fazer parte da família ali instituída.
Esses tipos de médiuns precisam entender que um dirigente não é propriedade sua, ele também é um resgatador de almas e deve estar aberto a todos médiuns e consulentes sem distinção. Tem médiuns que quando veem por exemplo um consulente se aproximar demais do seu dirigente começa por debaixo dos panos a sabotar a vinda daquela pessoa na casa, então se a pessoa encontra com esse médium na rua, para ela a informação que lhe é passada é que nunca tem gira, não está tendo trabalhos, e se mostra sempre muito mal educado, para mostrar para aquela pessoa que ela não é bem vinda.
O ciúme dentro de uma corrente é extremamente danoso, prejudicando totalmente a rotina da casa, principalmente quando esse ciúme é destrutivo e sabotador.
Os ciumentos costumam ser bajuladores ao extremo, querem angariar atenção e afeto, querem ser a menina dos olhos dos dirigentes e orixás, só que muitas vezes essas pessoas se esquecem que os guias sabem perfeitamente suas verdadeiras intenções, a pessoa pode enganar os dirigentes mas os guias e mentores jamais. É por isso que vemos algumas vezes os guias meio que advertindo sobre essas questões. É tal coisa quem tem ouvidos que ouça, bem assim.
Do ciúme surge a inveja, está neste um outro sentimento maledicente e muito feio para um médium umbandista, a inveja a quem a possui denota incompetência, pessoas competentes não tem inveja, porque sabem do seu valor.
Esse sentimento oriundo de alguns seres humanos é extremamente horrível, gera ódio, vingança, a pessoa doente da inveja é uma pessoa doente espiritualmente ela não come, não bebe, não dorme, não respira sem estar focada em se vingar do seu desafeto, o sentido da vida dessas pessoas se baseia em um único objetivo, tripudiar, espezinhar, ver a destruição do seu desafeto.
Esse sentimento dentro de um terreiro é nefasto, o dirigente nesse caso tem que tentar de tudo para harmonizar, evangelizar, mas se não tiver condições tem que arrancar desde a raiz de sua casa o invejoso, porque se deixar uma pontinha vem em dose dupla o problema.
Muitos dirão, e a fofoca? a fofoca está em todos esses sentimentos e atitudes ruins, a fofoca é maledicente, destrutiva, existem algumas frases que algumas entidades falam que vale a reflexão quanto a fofoca, dentre elas:
“… a língua fala o que quer e se esconde para dentro da boca…”
“… língua não tem osso…”
“… a língua fala e o corpo paga…”
“… quem te matou caveira? a língua…”
E eu tenho uma particular minha: “… a língua é dissimulada…”
A melhor atitude que deve-se ter em relação a fofoca, a falação dentro de uma casa religiosa, é quando sair uma mentira, uma atitude de ciume doentio, inveja, chamar as partes envolvidas e colocar as cartas sobre a mesa. E quem não deve, não deve se ausentar desse confronto, porque senão dá-se a conotação de ser a parte errada, é preciso coragem, isso é caráter, é manter sua dignidade. Covardia, medo não cabe em certas situações. O importante é assumir o que fez, se fez algo errado, se redimir. Um bom médium tem que ser responsável pelo que fala, faz, um médium que se esconde de seus problemas, muitas vezes usando outras pessoas de testa de ferro, ele não tem como ajudar outras pessoas, ele tem que ser o ajudado e orientado. Infelizmente conheci casas lindas, numerosas, que fecharam por casa da maledicência e fofoca, muitos dirão o dirigente não foi capaz de resolver o problema, as vezes meus irmãos algumas pessoas se esquecem que um dirigente sangra também, tem sentimentos, e tem fofocas que são imperdoáveis de tão maldosas. E muitos dirigentes que fecham suas casas, preferem fechar do que ter um instrumento ali do astral inferior os quais usarão para fazerem a festa. Então cabe-se a prudência no julgamento, como dizem por ai, as pessoas falam e julgam demais, sobre coisas do que não diz respeito a suas próprias dores, a dor do outro é sempre mais fácil de enfrentar, não é mesmo?
Existem fofocas que são tão bem articuladas e calculadas que podem enganar a qualquer um. Mas graças a Deus que temos nossos guias para nos orientar e direcionar no que diz respeito a essas questões.
Nessas questões cabem a máxima do Orai e Vigiai, um médium é sempre foco é sempre visado pelos espíritos nefastos e das sombras, espíritos esses que usarão de nossas falhas e mazelas para nos desfiar do bom caminho e nos obsediar, tentarão colocar em prova nossa Fé, cabe ao médium sempre estar se reformando intimamente, para que não seja atingido por ataques e forças dessas negregoras. Lembremos sempre que cada médium que se desvia do seu caminho, é um soldado a menos no nosso exercito de luz. Esses espíritos que são também nossos irmãos e que nunca devemos nos esquecer disso, devemos os resgatar, os trazer para a luz e redenção, e jamais fazermos justamente o contrário que é fazermos parte do exercito de treva deles. A muito a quem foi dado, a muito será cobrado. Pensemos.
Acredito ser de suma importância deixar claro que essa matéria o seu único objetivo é a reflexão sobre nós mesmos, nossos íntimos e atitudes, ninguém é perfeito, estamos nessa trajetória para nos tornarmos pessoas melhores, e tudo que pudermos fazer para nossa evolução espiritual é de suma importância. Aqui vale a quebra do orgulho e da teimosia, porque o objetivo final é bem mais nobre. Um bom médium deve ter isso como meta a ser alcançada todos os dias de sua vida.
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